Tullio_____________________ . Quanto a Proudhon , de quem modéstia às favas
conheço bem o pensamento, ele era contra o capital por meio de propriedade
improdutiva, todavia não ao direito de posse, e se leram a teoria proudhoniana
sabem que ele discorre sua teoria a partir de um visão de desenvolvimento
mutualista, - paulatinamente ele substitui a semântica ''anarquia'' por
mutualismo, e é nisto que escola austríaca pode ter afinidade com o anarquismo
social. Bakunin merece outro comentário, até porque o contexto dele é outro, e
se desenvolverá por meios revolucionários. Enfim, eu disse:que não sou sectário,
já citei aqui autores marxistas e neomarxistas , e sou profundamente
antimarxista, e nem tão pouco aceito as concepções capitalistas de Von Mises,
embora ele tenha uma máxima genial : "Não há nada de errado em dizer às
pessoas que tributação é roubo, que regulamentação é transgressão, que leis
antidrogas são agressão, que políticos são criminosos, e que o estado é uma
monstruosa agência criminosa.", conquanto ele vai estender sua teoria de
livre mercado pela competitividade, e se afasta do ideário anárquico da solidariedade;tornando-se
por si uma contradição ao princípio básico do mutualismo; ele mesmo reconhece
isso, colocando óbvias distinções entre liberalismo e o libertarismo
proudhoniano. Friedrich Von Hayek já é uma outra conversa, pois ele é mais um
economista, do que um teórico político; as idéias de Von Hayek apresentam sim
concórdias com as teses de economia autônoma e auto-gestiva dos libertários, ele
mesmo reconhece isso, aliás é clássica a polêmica dele tantos com os
trabalhistas como o liberalismo de Keynes. Sim o anarquismo e o marxismo se
encontram historicamente e primeiramente
na comuna de Paris e daí sempre se desencontrarão, já Proudhon preconiza esse
desencontro em o ''Sistema das Contradições Econômicas ou Filosofia da
Miséria''; a famigerada revolução russa, será a esperança e a decepção de
Kropotkin; e na revolução catalã terão um grande encontro, e várias dissensões.
Os anarquistas sempre chutaram os baldes e abriram as portas para os grandes
movimentos de massa, contudo, os autênticos, jamais se renderam e renderão à
autoridade, inclusive a intelectual, por isso foram diluídos pelo poderio
verticalizador . Um anarquista é antes de tudo alguém que busca a autonomia em
todos os sentidos, um negador da autoridade vertical, e socialmente alguém que busca
a solidariedade e desmantelamento da máquina estatal, a qual podemos também
chamar de governo. Pessoalmente, eu, Tullio Stefano Sartini, acredito ser
possível um processo no qual a dialética é o meio mais patente, -a dialética
racional,( e não uma pseudo-dialética maniqueísta e historicista) por isso
transito em diferentes ideários e ideias, preferindo idéias do que ideologias,
contudo, mantendo a minha postura, contra o Estado, contra o latifúndio, em
suma contra a hierarquização centralizadora e institucionalizante do poder e
seus monopólios, usados através do meios tributários e militares. são essas as
minhas premissas, o resto pra mim é hermenêutica."
Tullio escreveu: "-
O Caio , é como você Wilson , também meu amigo, de bons
papos em mesa de boteco. e as conversas entre amigos nesses ambientes, flui
muito melhor do q nesses nesse espaço 'etéreos' que estão na internet que por vezes
até dificultam a pessoalidade do encontro e da conversa; lembro do ''botequim
socialista'' no orkut, o qual nunca, eu comentava ou postava nada. apenas lia
'en passant' e as conversas de seus membros eram acirradas [ nesta ocasião eu
não era engajado em nada, isso aconteceria um ano depois com o movimento Occupy
15 de outubro, e suas sub-sequências, até então, mantinha meu anarquismo
individual, e hoje, não estou diferente], bem, de quando em quando em São Paulo
essa galera se reunia em algum boteco de fato, uma vez fui a um desses
encontros, se conversou de tudo, menos de política, acho q preferiam os biombos
do orkut (?).
O Wilson Nogueira, Caio é um dos melhores intelectuais da área
social que conheço, e o Caio também Wilson, apenas vocês por terem
especializações e ideologias diferentes nas suas respectivas áreas de estudo,
fazem provocações diferentes; o q acho maneiro. Pessoalmente, eu, Tullio adoro
as ideias, - conhecer as ideias, desenvolver as ideias, por isso não abraço
ideologias fixas. Conforme disse, penso na possibilidade de um processo social
de diferentes ideações e movimentos, desde que esses ocorram horizontalmente, e
não verticalmente, conforme tem acontecido (salvo exceções) no curso da
história humana, onde os governos e suas instituições (fiscalizadoras,
tributadoras e fisicamente armadas) fazem o caos e não a sociedade em si mesma,
implanta o caos em sua forma mais legítima. Não sei se isso acontecerá, certas
complexidades graves e enraizadas do ente humano não permitem uma Evolução
individual suficiente para que coletividade se horizontalize em uma revolução.
Sabem que sou mero diletante, - e muito me lisonja os elogios de uma pessoa como
o Wilson . Não tenho formação universitária, e tudo que aprendi de teorias foi
através dos livros, a maioria lidos em bibliotecas e comprados em sebos.
Engajei-me algumas vezes. decepcionei-me todas as vezes, porem, não me
arrependo de um dos meus engajamentos, porque neles pude conhecer (também) o
melhor do ser humano, ainda que isoladamente. O meu lema é simplesmente a não
rendição ao Estado, resisti ao máximo possível! contra aquilo que desrespeita o
indivíduo e sua liberdade , com efeito a sua natureza e sua cultura."
Do Túllio ao amigo Wilson. 22/12/2013